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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Você sabe o que é vocação laical?


QUEM SÃO OS LEIGOS E SUA PARTICIPAÇÃO NA IGREJA

A palavra leigo é de origem grega e significa “povo”. Os leigos são os cristãos que não são membros da sagrada ordem ou do estado religioso reconhecido canonicamente pela Igreja, isto é, são os fiéis que, pelo batismo, exercem a missão de todo povo cristão. São chamados a viver o seguimento de Cristo na realidade cotidiana do homem, isto é, chamados a brilhar a novidade e a força do evangelho na sua vida cotidiana, familiar, social, e a manifestar, com paciência e coragem, nas contradições da época presente, a sua esperança na glória.

O leigo nasce para o mundo, por isso, o seu caráter mundano é assumido pelo batismo de tal forma que no mundo é que ele tem que ser cristão. Junto com os ministros ordenados e com os religiosos ele é co-responsável pela missão da Igreja. A sua espiritualidade se constrói à luz de uma Igreja a caminho com os homens, vivendo no mundo e para o mundo, desempenhando a missão que é ao mesmo tempo de evangelização e de animação de todas as realidades temporais.

São pessoas que vivem a vida normal: estudam, trabalham, estabelecem relações amigáveis, sociáveis, profissionais, culturais, etc. O Concílio Vaticano II considera essa condição como uma realidade destinada a encontrar Jesus Cristo na plenitude do seu significado. O mundo torna-se assim o ambiente e o meio da vocação cristã dos fiéis leigos, pois é ai que manifestam Cristo aos outros, por meio do testemunho da própria vida, pela irradiação de sua fé, esperança e caridade.

VOCAÇÃO A SANTIDADE

Tudo quanto fizerdes, por palavras e obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus pai (Col 3, 17). Estas palavras aplicam à vida dos leigos. Nem os trabalhos familiares nem quaisquer outras ocupações profanas devem ser realizadas alheias à vida espiritual. Eles devem olhar para as atividades cotidianas como uma ocasião de união com Deus e do cumprimento de Sua vontade, e também como serviço aos homens. A vocação à santidade deve ser compreendida e vivida pelos fiéis leigos como sendo uma obrigação exigente e que não pode ser renunciada.

Homens e mulheres, solteiros e casados exercendo o seu papel na sociedade, realizando o seu trabalho e testemunhando a verdadeira caridade. Encontra-se, na Igreja atual, santos que exerceram uma atividade simples, mas que se assemelhavam a Cristo nas suas virtudes e humildade, e assumiram a sublime tarefa de trabalhar para que a salvação atinja um número ainda maior de filhos de Deus

VIDA APOSTÓLICA

Efetivamente eles exercem a sua atividade apostólica para a evangelização e santificação dos homens. Como são chamados a estarem no mundo, eles exercem o seu apostolado à maneira de fermento, com entusiasmo e espírito cristão. Cheios do Espírito Santo se configuram cada vez mais com Cristo e são fortalecidos no anúncio do evangelho. Para cumprir suas funções de cristão no mundo, recebem os dons particulares, chamados de carismas. Animados pelo Espírito Santo e dotados de carismas, eles não necessitam esperar nenhum outro mandamento para desempenhar sua missão cristã na Igreja e no mundo, mas somente procurar que seus dons espirituais seja inseridos no contexto dos carismas e dos ministérios da comunidade e na caridade eclesial, embora o discernimento dos carismas cabe ao bispo.

A fecundidade do apostolado dos leigos depende de sua união com Cristo, assim diz o Senhor: “Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15,5). Esta vida de íntima união com Cristo é alimentada pela participação na sagrada liturgia, a fim de que cresçam intensamente nela exercendo o seu trabalho segundo a vontade de Deus.

O ANÚNCIO DO EVANGELHO

O pai chama muitos para sua vinha, por isso, ele os capacita para esta missão, e os leigos também têm a missão e a vocação de anunciar o evangelho. Por participarem do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, eles têm parte ativa na vida e na ação da Igreja, se empenhando nas obras apostólicas. Conduzem àqueles que estão longe, cooperam intensamente na comunicação da palavra de Deus, principalmente, na catequese. Como profetas, dão testemunho de fé cristã, uma fé como resposta para os problemas e as esperanças que a vida põe a cada homem e a cada sociedade. Quando a Igreja lê o que diz Jesus: “ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura (Mc 16,15), ela sabe que há milhões de pessoas que ainda não conhecem a Cristo, por isso, a tarefa dos leigos se tornou mais necessária e preciosa. Muitos estão prontos a deixar o seu ambiente de vida, o seu trabalho, a sua região ou pátria, para assumir este trabalho. Eles se colocam a serviço por amor a Cristo e a sua Igreja. É importante ressaltar que a evangelização deve começar pelas famílias cristãs, por isso, elas devem sentir a responsabilidade de favorecer o despertar e o amadurecer de vocações especificamente missionárias, tanto sacerdotais e religiosas como laicais.

TRABALHADORES DO SENHOR

Na parábola do evangelho de Mateus capítulo 20, o proprietário da vinha sai para contratar operários nas várias horas do dia, e a cada um ele combina um denário. A cada hora do dia significa uma idade, isto é, o senhor chama cada um desde a sua infância (como aconteceu com Jeremias), até aqueles que estão em idade mais avançada. Esta variedade está ligada não somente na idade, mas também à diferença de sexo e à diversidade dos dons, como às vocações e às condições de vida.

Os jovens hoje são uma grande força evangelizadora da Igreja. A sensibilidade dos jovens favorece para que eles coloquem em prática o senso de justiça, de paz. Estão sempre abertos à fraternidade, à amizade e à solidariedade. Mobilizam-se facilmente em favor das causas ligada à qualidade de vida, à conservação da natureza.

Os idosos são chamados a continuar a sua missão apostólica e missionária, pois, apesar da idade avançada, são pessoas cheias de sabedora e de temor de Deus e muito tem para contribuir para a fé do povo.

A mulher tem uma grande contribuição na edificação da Igreja e no progresso da sociedade. A igreja tem consciência de que a mulher, com seus dons e funções que lhe são próprias, tem uma vocação específica própria. Embora não tendo sido chamada para o apostolado próprio dos doze, muitas mulheres acompanharam Jesus no seu ministério e deram assistência ao grupo dos apóstolos, estiveram presentes ao pé da cruz, cuidaram da sepultura de Cristo, receberam e transmitiram o anúncio da ressurreição e rezaram com os apóstolos no cenáculo à espera de pentecostes. Nas igrejas primitivas foi confiada às mulheres tarefas ligadas à evangelização. O apóstolo Paulo menciona algumas mulheres que contribuíram para alimentar a fé das comunidades cristãs, assumindo variadas funções no seio e no serviço das comunidades.

Como não pode receber o sacramento da ordem, ela é chamada a colocar em prática os seus dons próprios e a Igreja tem a responsabilidade de promover o papel da mulher na missão evangelizadora e na vida da comunidade cristã.

ESTADO DE VIDA LAICAL

Dentro do estado de vida laical há lugar para várias vocações, isto é, diversos caminhos espirituais e apostólicos que dizem respeito a cada fiel leigo. No caminho da vocação laical florescem vocações particulares. Os fiéis leigos, e também os próprios sacerdotes, abrem-se à possibilidade de professar os conselhos evangélicos (pobreza, castidade e obediência) por meio dos votos ou das promessas, conservando plenamente a própria condição laical e clerical.  O Espírito Santo suscita outras formas de doação de si mesmos, a que se entregam pessoas que permanecem inteiramente na vida laical. Cada um é chamado a produzir frutos de devoção segundo o seu estado e sua condição. O Concílio Vaticano II afirma que a espiritualidade dos leigos deverá assumir características especiais, conforme o estado de matrimônio e familiar, de celibato ou viuvez, situação de enfermidade, atividade profissional e social, mas que sejam utilizados os dons por cada um recebidos do Espírito Santo. Na verdade, cada um é chamado pelo seu nome, na unicidade e irrepetibilidade da sua história pessoal, a dar sua própria contribuição para o advento do reino de Deus.

Para discernir uma vocação e a disponibilidade para vivê-la, os fiéis leigos devem ser formados. Para se descobrir a vontade de Deus são indispensáveis a escuta pronta e dócil da palavra de Deus e da Igreja, a fidelidade na oração, a direção espiritual, a leitura, feita na fé, dos dons e talentos recebidos, as diversas situações sociais e história que cada um se encontra. Não basta saber o que Deus quer, mas é preciso fazer o que Ele quer. E para agir com fidelidade à vontade de Deus é preciso ser capaz e tornar-se cada vez mais capaz.

Ir. Silvana Alves Nogueira/Consagrada Comunidade Luz da Vida

Fonte: Dicionário de Espiritualidade, Paulus; Documento do Concílio Vaticano II; Exortação Apostólica de João Paulo II Christifideles Laici.

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